13/03/2011

12- O Sermão da Montanha


Meus pensamentos pareciam um carro puxado por cavalos sem direção, hora tomava um rumo. Imagens continuavam se misturando em minha mente, numa alternância complicada.
Sentia a espreita dos acontecimentos cada vez que olhava aquela energia, isso me sufocava. Sabia que os chacais nestes tempos estariam presentes e se possível inibindo toda a iniciativa dos últimos trabalhadores. Mas o Cristo dissera que haveria prélio, e seria dentro e fora de nós.
Olho pela janela. São quase seis horas
da tarde. O calor escaldante do Rio de Janeiro dá uma sensação de forno. As folhagens estão paradas, nem uma brisa, o céu azul sem nuvens.
Há no ar uma sensação estranha, algo espreitando enquanto a transição da luz para as trevas, ou seja, do dia para noite se faz arrastadamente.
Hora do ângelus, hora de entrar em prece, hora da vigília.
Sinto como nunca a necessidade de orar e vigiar.
Na minha tela mental vejo os abutres revoando em meio a destruição. Esperam para devorar a carne enquanto consomem dia após dia o Espírito pelo medo. Falam do fim, das horas de agonia com as catástrofes e como esquecem rápido e esperam a próxima, lembro da avalanche da Região Serrana do Rio de Janeiro. Nada é falado sobre o assunto nos meios de comunicação, a solidariedade não dá ibope e sim as tragédias. Usam luzes de artifício para falar do bem, mas logo se apagam pela efemeridade e superficialidade dos seus propulsores.
Estes continuam a conspurcar o sagrado, a Mãe chora por suas filhas e netos abandonados na lata de lixo. Enquanto isso a ilusão se propaga ao manejo da fera em todas as camadas sociais. Vemos por seus olhos, escutamos com seus ouvidos e agimos por suas ações politicamente sociais.
Ai das criancinhas que sem perspectivas tomaram o cachimbo do Popeye buscando a força na erva da morte.
Sinto-me incapaz de fazer algo para amenizar as dores, as dores que inevitavelmente virão, mas não para o gozo e sim para a ação. Se são karmas as dores, é providencia estarmos aqui para ajudar, socorrer, amparar.
Vejo um galpão humilde e pessoas alegres entrando no espaço, há cadeiras em seu interior, parece uma igreja, mas não é. Entro.
Passo entre as pessoas elas sorriem e cumprimentam-me, estranho, mas tenho a sensação que me aguardavam.
Há um rapaz de cabelos castanhos escuros e barba no púlpito.
Chove muito lá fora, o chão é de barro batido, na porta desse local há pedrinhas colocadas de modo a formar uma calçada.
Sejam bem vindos a Casa da Esperança! – dizia o rapaz. – Vocês não estão aqui por acaso.
É hora de muito trabalho, e venho a relembrar o compromisso que assumiram antes de reencarnarem. É preciso combater a frieza dos corações, muitos se perderão por não se escandalizarem com os acontecimentos em sua volta.
Olhai principalmente para as criancinhas estas serão em tenra idade atacadas para que se percam. Combatei com todas as forças os que lhes tiram a inocência, não permitam que estas se enveredem para o caminho dos vícios...
Olhei para o semblante daquelas pessoas simples e via luz nos olhos, no rosto delas.
Sei que apesar de tudo anunciado podemos ainda fazer a diferença.
Meus pensamentos agora vão para longe no tempo e espaço.
Posso ver o Cristo no Sermão da Montanha, o caminho é longo, mas Ele está lá até a hora X.
Sermão da Montanha

"E Jesus vendo a multidão subiu num monte, e sentando-se, aproximaram-se dele os discípulos.

E abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.
Bem-aventurados os que tem fome e sede de Justiça, porque serão fartos.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque encontrarão a Misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a face e Deus.
Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da Justiça, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem e mentirem, dizendo todo mal contra vós por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque é grande vosso galardão nos céus, porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós."
Mateus 5, 1-12

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