04/05/2011

Reduzindo Emissão de Gás Carbono



Seja você um indivíduo, uma organização, empresa ou um governo, existem alguns passos que você pode dar para reduzir suas emissões de carbono, cujo total é chamado de pegada ecológica.

Você pode pensar que não sabe por onde começar, mas lendo isto, você já começou.
Assuma um compromisso
Reduzir a sua pegada ecológica é como qualquer outra tarefa. Dizer às pessoas que você irá reduzir suas emissões pode soar simplista, mas, até mesmo ações simples como anunciar o seu compromisso em tornar-se carbono neutro pode ser eficaz, assim como o mero ato de perguntar por idéias pode levar a soluções criativas e inovadoras. Diversos países indicaram, nos últimos meses, que irão se tornar carbono neutros, num movimento liderado por Costa Rica, Nova Zelândia e Noruega. O próprio sistema ONU, liderado pelo Secretário-Geral Ban ki-Moon, e guiado pelo grupo de gerenciamento ambiental comandado pelo PNUMA, está tornando-se carbono neutro. O PNUMA também está facilitando a neutralidade em carbono em todos os setores e regiões, através da sua rede de clima neutro.
Avalie a sua posição
É provável que o carbono venha a ser julgado como um poluente atmosférico e regulamentado de acordo, gerando custos – e oportunidades – para todos os setores da sociedade. Saber onde e como você gera gases do efeito-estufa é o primeiro passo para reduzí-los. Para indivíduos e pequenos negócios, calculadoras online e avaliações internas podem ajudar a iniciar o processo. Já organizações maiores podem necessitar de assessoria e ferramentas especializadas, como o novo padrão isso 14064 para medição e verificação de gases do efeito-estufa, ou o Protocolo para Gases do Efeito-Estufa, fornecido pelo World Resources Institute (Instituto dos Recursos Mundiais) and World Business Council for Sustainable Development (Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável), que é uma ferramente de medição para governos e gerentes de empresas entenderem, quantificarem, gerenciarem e relatarem as emissões de gases do efeito-estufa.
Decida e planeje aonde você quer chegar
Baseado na sua avaliação dos riscos e oportunidades relacionados ao clima, uma estratégia e um plano de ação podem ser desenvolvidos. Metas ajudam a focar esforços e fornecem um ponto de referência para medir o sucesso. A maioria das casas e negócios podem reduzir o uso de energia em 10% - o que quase sempre significa uma redução de 10% nas emissões de gases do efeito-estufa – com retorno após um ano ou menos. Um plano para reduzir as emissões de carbono irá se focar, primeiramente, no tipo de energia e no modo em que ele é usado; por exemplo, eletricidade para construções e combustível para transportes. Reduzir esta energia pode criar economias instantâneas. Uma ferramenta eficaz é a auditoria energética. Muitos serviços elétricos e escritórios governamentais agora oferecem uma auditoria como parte dos seus esforços para reduzir as emissões de carbono.
Descarbonize sua vida
Existe uma maneira mais ampla de pensar o carbono e o clima. Qualquer coisa que um indivíduo, organização, empresa ou governo faz ou usa envolve alguma forma de carbono, seja nos produtos em si ou na energia e nos materiais usados para fazê-los. Construções, utensílios e equipamentos são todos utilizadores (proxies) de carbono; “cópias carbono” podem ser escolhikdas baseadas no menor impacto que elas terão sobre o clima. Integrar critérios ambientalmente amigáveis nos processos decisórios pode ter um efeito em cascata.

Se consumidores, fabricantes e legisladores pensarem em “baixo carbono” e “ambientalmente amigáveis”, as reduções nas emissões de carbono irão se multiplicar. Pense no embalamento , por exemplo. A gigante americana do varejo, Wal-Mart, trabalhou com um de seus fornecedores de brinquedos para reduzir a embalagem em apenas 16 produtos. Os fornecedores economizaram os gastos com as embalagens e a Wal-Mart passou a usar 230 navios porta-conteiners a menos para distribuir seus produtos, economizando 356 barris de petróleo e 1.300 árvores. Estendendo esta iniciativa para 255 produtos, a companhia acredita que pode economizar mil barris de petróleo, 3.800 árvores e milhões de dólares em custos de transporte.

Outro exemplo, você pode comprar papel e produtos madeireiros que adiram a padrões certificados internacionalmente. O Forestry Stewardship Council (www.fsc.org), por exemplo, é uma organização internacional sem fins lucrativos que promove o gerenciamento responsável das florestas de todo o mundo. A marca FSC é crescentemente reconhecida como um padrão internacional para o manejo responsável das florestas. Mais de 90 milhões de hectares em mais de 70 países foram certificados de acordo com os padrões do FSC, enquanto milhares de produtos são fabricados usando madeira certificada pelo FSC e portando o símbolo da FSC. Mudar para papel reciclado ou produzido de maneira sustentável também pode levar a economias consideráveis, reduzindo tanto o uso da terra quanto as emissões de carbono. O uso de papel reciclado pode gerar uma economia de 1,4 toneladas de CO2 para cada tonelada de papel e papelão.

Outras maneiras de reduzir a sua pegada ecológica incluem a diminuição do tempo e da energia gasta com viagens. As cidades podem melhorar as opções de transporte público, companhias podem encorajar hábitos de pouco carbono (parando de subsidiar estacionamentos ou investindo em veículos de tecnologias híbridas para a empresa), e indivíduos podem fazer um sistema de caronas ou usar o transporte público. Algumas vezes ações simples podem gerar mudanças. Um bicicletário seguro, assim como um vestiário e duchas, por exemplo, são, em geral, baratos quando comparado a estruturas de estacionamento, mas criam um incentivo mais forte para os que podem comutar de bicicleta. Em grandes cidades com um sistema de transporte adequado, um passe mensal ou anual pode ser oferecido, ao invés de estacionamentos. Paris e Viena, por exemplo, oferecem um sistema público de bicicletas que reduz as emissões de gases do efeito-estufa e os congestionamentos.
Torne-se eficiente em energia
Aumentar a eficiência de seus prédios, computadores, carros e produtos é a maneira mais fácil e lucrativa de poupar dinheiro, energia e emissões de carbono. Isto não significa neutralidade. Eficiência energética significa aumentar a produtividade, mas fazendo mais com menos. Construções, carros e produtos mais eficientes terão um impacto direto e uma contribuição duradoura na limitação das emissões de carbono. Construções convencionais podem representar até 40% das emissões de gás carbônico. Instalações produtivas de alta performance, ambientalmente responsáveis e eficientes energeticamente são, agora, economicamente viáveis.

Medidas muito simples podem levar a uma economia imediata. Desligar luzes não usadas, motores, computadores e aquecedores podem reduzir substancialmente o desperdício de energia – e e dinheiro. Geralmente, laptops usam menos energia que computadores normais e monitores de LCD usam menos energia que telas de CRT. Também é preciso considerar o que fazer com o equipamento quando a sua vida útil acaba. Alguns fabricantes oferecem um sistema de retorno ou reciclagem. Busque padrões de eficiência energética. Para equipamentos, a avaliação da Energy Star é uma maneira de descrever a eficiência. Hoje, em muitas marcas as linhas mais eficientes não custam mais do que as linhas menos eficientes. Originária dos EUA, a Energy Star agora também é aplicável na Europa.

Pense nas suas viagens. Tecnologias avançadas de vídeo e web conferências significam que está se aproximando rapidamente o momento em que a necessidade de viajar será substancialmente diminuída. Uma viagem de dois dias para comparecer a uma reunião à 1.000 km (600 milhas) de distância pode custar cerca de US$ 2.000, incluindo acomodação, viagem e refeições, enquanto uma vídeo conferência costa cerca de US$ 200 dólares. As economias são de cerca de US$ 1.800 dólares e meia tonelada de carbono.

TELECOMMUTING também é uma opção cada vez mais vantajosa para muitos. Um estudo da Telework Coalition (www.telcoa.org) descobriu que se 32 milhões de americanos que podem TELECOMMUTE o fizessem uma vez por semana, eles dirigiram 2 bilhões de kilômetros menos, economizariam 300 milhões de litros de combustível e ganhariam o equivalente a 32 milhões de horas extras a cada semana para o lazer, a família ou o trabalho.

A iluminação pode responder por entre 15 e 20% do total do uso de eletricidade. Converter o carvão na usina em luz incandescente é apenas 3% eficiente. As Luzes Fluorescentes Compactas (LFCs) evoluíram rapidamente na última década. Hoje elas duram entre seis e quinze anos e reduzem o uso de eletricidade em, no mínimo, 75% quando comparadas as luzes incandescentes padrões. As vantagens das LFCs e outras iluminações altamente eficientes impulsionaram a legislação a banir as lâmpadas incandescentes. Em 2007, a Austrália foi o primeiro país a proibir a venda de lâmpadas incandescentes, a partir de 2012, um movimento que irá reduzir as emissões de carbono em 4 milhões de toneladas, além de cortar as contas de luz em até 66%.
Mudar par uma energia de pouco carbono
Se possível, mude para fontes de energia que emitem menos carbono e são capazes de reduzir custos e emissões. Em geral, o carvão produz duas vezes mais emissões que o gás, seis vezes mais que a solar, quarenta vezes mais que a eólica e duzentas vezes mais que a hídrica. Em muitas partes do mundo, os consumidores podem escolher ter uma parte da sua energia suprida por fontes renováveis, como eólica ou gás de aterros sanitários. Hoje, por exemplo, mais de 50% dos consumidores norte-americanos tem a opção de comprar algum tipo de energia verde.

Grandes consumidores podem até mesmo construir suas próprias usinas elétricas de menor emissão, usando energia solar ou tecnologias de pouco carbono, como geradores movidos a gás natural. Um projeto de Global Environment Facility, na África oriental e austral está apoiando pequenos projetos de hidroelétricas na indústria do chá e de cogeração utilizando resíduos da indústria açucareira para gerar eletricidade para a indústria e os sistemas nacionais. No Reino Unido, a cadeia Body Shop comprou 25% das ações de uma grande e moderna usina eólica para prover energia renovável para suas operações no país. Outras companhias que estão instalando suas próprias usinas de energias renováveis incluem a 3M, DuPont, General Motors, IBM, Johnson & Johnson e Staples.

No nível doméstico ou dos pequenos negócios, cortes de impostos e incentivos podem tornar sistemas de células fotovoltaicas e outras fontes renováveis economicamente viáveis. Painéis solares instalados nos telhados podem prover energia, reduzir os custos da eletricidade e prover uma proteção contra flutuações de preço. O PNUMA está ajudando a promover tais arranjos no sul da Índia e no Norte da África.

O setor de transportes é responsável por 25% de todo o consumo energético e das emissões de gases do efeito-estufa, principalmente pela queima de petróleo e diesel. Existem muitas opções para deixar o vício do carbono. Motores híbridos que combinam eletricidade com petróleo convencional ou diesel podem oferecer economias substanciais de combustível, ao mesmo tempo em que reduzem as emissões. Veículos também podem rodar com uma gama de combustíveis alternativos que oferecem benefícios econômicos e ambientais, apesar de geralmente necessitarem de um investimento adicional que precisa de tempo para ser amortizado. Tais combustíveis incluem o gás natural comprimido, o gás de petróleo liqüefeito, o gás natural liqüefeito e os biocombustíveis.

O Biodiesel e o bioetanol são biocombustíveis feitos de plantas como o trigo, a soja, o milho e a cana-de-açúcar. Eles são, em geral, misturados com petróleo ou diesel, e quase todos os veículos podem rodar com misturas de até 10% de biodiesel sem alterações. Veículos especialmente desenhados podem rodar com misturas maiores, como 85% de bioetanol e 15% de petróleo. Em muitas partes do mundo, os biocombustíveis estão se tornando mais populares, fáceis de achar e em várias misturas. Para companhias com frotas de veículos, os biocombustíveis podem ser uma alternativa economicamente eficiente e de pouco carbono.
Invista em compensações e alternativas mais limpas
Há um limite para a eficiência que se pode tirar do seu estilo de vida e das operações da sua organização, ou quanta energia renovável você pode utilizar. A escolha para aqueles que desejam compensar o restante das suas emissões é financiar uma atividade que reduza as emissões de carbono de uma outra parte. Isto é comumente chamado de “compensação de carbono” ou “crédito de carbono”. O termo carbono neutro inclui a idéia de neutralizar emissões através do apoio a economia de carbono em outros lugares.

O preço médio para compensações de carbono é de US$ 15 por tonelada, mas os custos podem variar de US$ 5 a 50 por tonelada. Para comprar compensações, indivíduos e empresas pagam uma empresa de compensações para gerenciar projetos que evitam, reduzem ou absorvem gases do efeito-estufa. A mudança climática é um problema global, logo as reduções nas emissões de carbono terão o mesmo impacto, onde quer que sejam implementados. Créditos de carbono podem ser conseguidos por geração de energia sem emissões, redução na demanda, incluindo eficiência energética, o seqüestro de carbono na forma de depósitos subterrâneos ou florestais.
Segundo um relatório, as compensações de maior qualidade são geradas pela queima de metano de aterros, já que o metano é um gás do efeito-estufa ainda mais potente que o gás carbônico. A Green Gas International (www.greengas.net) é uma companhia que gera créditos de carbono convertendo gás do lixo em energia, através de parcerias com minas, aterros e produtores de biogás. Os benefícios mundiais destes projetos incluem 125MW de energia, evitando a emissão de 4 milhões de toneladas de CO2.
Torne-se eficiente
Olhando para a sua via ou negócio por uma lente carbono neutra pode ajudar você a aumentar a eficiência no uso de recursos, evitando e reduzindo o desperdício e, finalmente, melhorando a sua performance e reputação. Economistas adoram dizer que não existem notas de dinheiro caídas por aí, porque alguém já as teria pego. Na mudança climática, ainda há muitas notas esperando para serem pegas. Afinal, o carbono é geralmente o lixo gerado pela produção de energia, e, reduzindo o lixo e tornando-se mais eficiente é sempre um a boa idéia. Integre a abordagem dos 3R – reduzir, reutilizar e reciclar – ao seu pensamento.
Ofereça – ou compre – produtos e serviços de pouco carbono
O mercado para produtos e serviços amigos do clima está crescendo rapidamente, de produtos energeticamente eficientes para sistemas de energias renováveis. Para oferecer tais produtos, contudo, é importante começar pelo design. Ações simples como adicionar especificações energeticamente eficientes ao processo de design, por exemplo, pode produzir um desenho que minimiza o consumo de energia durante o uso e economiza o tempo e a energia do cliente que teria que fazê-lo após a compra (exemplo: envolver aquecedores de água com isolantes).

Uma abordagem mais sistemática vem do campo do “design para a sustentabilidade”, que inclui o design do ciclo de vida e o design e a produção ambientalmente conscientes. Esta nova abordagem considera aspectos ambientais em todos os estágios de desenvolvimento, para criar produtos como o menor impacto ambiental possível em todo o seu ciclo de vida. O Ecodesign é uma estratégia importante para pequenas e médias empresas em países desenvolvidos e em desenvolvimento, para melhorar as performances ambientais de seus produtos, reduzir o desperdício e aumentar a sua competitividade no mercado.
Compre e venda verde
O mercado para produtos e serviços verdes está crescendo rapidamente. Em muitos países pesquisas com consumidores mostram que um número cada vez maior deles está disposto a comprar produtos verdes, se tiver oportunidade. Para empresas, designs e apresentações inovadores combinados com um marketing e comunicação responsáveis podem assegurar que o interesse deste consumidor transforme-se em compra. Contudo, o mercado para produtos verdes permanece pouco desenvolvido pois as pessoas ainda consideram difícil a localização de produtos ou não confiam nas suas credenciais verdes. Empresas podem ajudar os consumidores a se tornarem mais amigos do clima, desde o clique online para uma compensação de carbono no site de um guia turístico, até o selo no produto de uma loja local.
Unam-se
Muitas companhias do setor privado estão trabalhando em parceia com ONGs, cidades e governos para identificar e implementar soluções que reduzam as emissões de carbono. O Carbon Disclosure Project (www.cdproject.net), por exemplo, é uma organização independente, sem fins lucrativos, que provê informações para investidores institucionais que somam US$41 trilhões em ativos gerenciados. No interesse deles, o CDP busca informações sobre os riscos e oportunidades de negócios surgidas com a mudança climática e as emissões de gases do efeito-estufa, em mais de 2.000 das maiores empresas do mundo.

Governos locais e nacionais, igualmente, buscam oportunidades de parcerias com empresas na implementação de soluções de pouco carbono. Em países como o Canadá, instituições governamentais e fabricantes de equipamentos elétricos apoiaram a criação de Energy Service Companies (ESCos). Nos Estados Unidos, a Agência de Proteção Ambiental, do governo federal, iniciou o projeto Energy Star (www.energystar.gov), em 1992, como uma parceria voluntária para reduzir as emissões de gases do efeito-estufa através do aumento da eficiência energética. Em 2006, empresas e consumidores americanos economizaram US$ 14 bilhões em energia com a ajuda da Energy Star, uma redução de emissões equivalente a 25 milhões de veículos por ano.
Fale
A crescente importância das alterações climáticas significa que as empresas e organizações precisarão se comunicar. A transparência é fundamental. A internet e outras novas mídias impede as companhias, organizações e governos de esconderem seus erros. É aqui que ferramentas para verificação e descrição de linhas de ação com indicadores reconhecidos é imprescindível. Um exemplo é a Global Reporting Initiative (www.globalreporting.org). Comunicações internas por intranet e publicações empresariais podem relatar o progresso e reconhecer contribuições de funcionários, individualmente ou em equipe. Também é importante deixar os acionistas saberem. Reduzir emissões, sobretudo aumentando a eficiência, é uma situação em que só há ganhadores e pode melhorar a reputação da companhia. Ambos, consumidores e investidores, estão requisitando informações sobre as respostas das companhias sobre os riscos e oportunidades relacionados as mudanças climáticas.
(O texto acima é uma versão adaptada e abreviada do texto original produzido pelo PNUMA para o PNUMA/Sustainable Development International publication “Climate action” www.climateactionprogramme.org)
The Waste & Resources Action Programme (www.wrap.org.uk/)

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